
Pensar em sexualidade também é defrontar com outros tabus muito mais, digamos, "severos" estabelecidos pela sociedade, pela ética e principalmente pela moral. Afinal, aonde se encaixa o incesto, que além desta palavra feia, é amor. E por que não?
Em "La Luna" de 1979, o diretor Bernardo Bertolucci soube , mesmo sem pretenções, humanizar a compreensão do que conhecemos hoje por Complexo de Édipo, bem como o sofrimento de uma mãe por um filho, que na trama, foi capaz de se doar até mesmo fisicamente.
Caterina Silveri, interpretada por Jill Clayburgh, é uma famosa cantora lírica que após a morte de seu marido, decide mudar-se de Nova Iorque para a Itália (sua cidade de origem ), junto de seu filho, Joe, interpretado por Matthew Barry.
Condenado à ausência de seu verdadeiro pai na infância e pela perda do padrasto na adolescência, Joe perde a sede pela vida, e tenta passar por cima do vazio e da solidão, com drogas. Enquanto isso, sua mãe passava dias e noites em seus ensaios e trabalhos. Somente no dia da festa do aniversário de Joe, Caterina descobre que Joe utiliza drogas, e a partir daí La Luna se enche ainda mais de amor, sim!
Se costumeiramente uma mãe é capaz de se entregar " de corpo e alma" para seu filho, a fim de protege-lo e tentar manter toda a estabilidade uterina, Caterina atravessa a relação mãe-filho e na tentativa de compreender toda a dor de Joe, inicia um relacionamento muito mais sexual do que meramente afetivo. E é amor. Masturbação, carícias, beijos e brigas, muitas brigas.
Li neste site que amor de mãe é "inabalável, a tudo suporta e supera" e Caterina não seria, senão essa força maior, Luna, como um forte. Se o sentimento de Joe é explicável ou não por Freud, encarrego à psicologia. Mas quem é capaz de julgar ou intervir no amor de Caterina?
Bertolucci não deixou a desejar em momento algum em La Luna, seja pelas cenas sexuais entre Caterina e Joe, seja pelo relacionamento afetivo entre os dois - quando Joe realiza um jantar para sua mãe, ou pelas brigas e ciumes entre ambos.
Vale a pena conferir e refletir La Luna. Bela exposição fotográfica, diálogos sinceros, e interpretação insdiscutível. O incesto é um tema relacionado à sexualidade pouco abordado e muito temido, mas que não deve ser deixado de lado ou acometido.
Leia também no Museu do Cinema algumas curiosidades sobre La Luna e sobre Bertolucci!