23.9.08

Entre, além e através das convenções sexuais



Pensar em sexualidade também é defrontar com outros tabus muito mais, digamos, "severos" estabelecidos pela sociedade, pela ética e principalmente pela moral. Afinal, aonde se encaixa o incesto, que além desta palavra feia, é amor. E por que não?

Em "La Luna" de 1979, o diretor Bernardo Bertolucci soube , mesmo sem pretenções, humanizar a compreensão do que conhecemos hoje por Complexo de Édipo, bem como o sofrimento de uma mãe por um filho, que na trama, foi capaz de se doar até mesmo fisicamente.

Caterina Silveri, interpretada por Jill Clayburgh, é uma famosa cantora lírica que após a morte de seu marido, decide mudar-se de Nova Iorque para a Itália (sua cidade de origem ), junto de seu filho, Joe, interpretado por Matthew Barry.

Condenado à ausência de seu verdadeiro pai na infância e pela perda do padrasto na adolescência, Joe perde a sede pela vida, e tenta passar por cima do vazio e da solidão, com drogas. Enquanto isso, sua mãe passava dias e noites em seus ensaios e trabalhos. Somente no dia da festa do aniversário de Joe, Caterina descobre que Joe utiliza drogas, e a partir daí La Luna se enche ainda mais de amor, sim!

Se costumeiramente uma mãe é capaz de se entregar " de corpo e alma" para seu filho, a fim de protege-lo e tentar manter toda a estabilidade uterina, Caterina atravessa a relação mãe-filho e na tentativa de compreender toda a dor de Joe, inicia um relacionamento muito mais sexual do que meramente afetivo. E é amor. Masturbação, carícias, beijos e brigas, muitas brigas.

Li neste site que amor de mãe é "inabalável, a tudo suporta e supera" e Caterina não seria, senão essa força maior, Luna, como um forte. Se o sentimento de Joe é explicável ou não por Freud, encarrego à psicologia. Mas quem é capaz de julgar ou intervir no amor de Caterina?

Bertolucci não deixou a desejar em momento algum em La Luna, seja pelas cenas sexuais entre Caterina e Joe, seja pelo relacionamento afetivo entre os dois - quando Joe realiza um jantar para sua mãe, ou pelas brigas e ciumes entre ambos.

Vale a pena conferir e refletir La Luna. Bela exposição fotográfica, diálogos sinceros, e interpretação insdiscutível. O incesto é um tema relacionado à sexualidade pouco abordado e muito temido, mas que não deve ser deixado de lado ou acometido.

Leia também no Museu do Cinema algumas curiosidades sobre La Luna e sobre Bertolucci!

10 comentários:

Jam disse...

Massa, nunca tinha ouvido falar no filme, vou procurar assistir!

Anônimo disse...

O texto instiga a querer ver o filme.
Descreve de forma que aproxima o público do tema, tentando mostrar que temas relacionados a sexualidade podem ser tratados de maneira natural.

Bárbara Gegenheimer disse...

Brigada Thais! Assista também Os Sonhadores, do Bertolucci!

entrandonobiquiniem2013 disse...

fica realmente a dica.
sexualidade é um tabu eterno, não tem jeito.
parabéns pelo blog!

Débora Antunes disse...

Um amigo me mandou um artigo sobre esse filme hoje a tarde, tinha lido o blog de manhã, muita coincidência. Engraçado que são dois pontos de vistas totalmente diferentes, no artigo (mais voltado para os conceitos psicológicos que envolvem o filme) ele trata do complexo de édipo mas coloca a mãe em um sentido de perversão e não daquela que abdica tudo em prol do filho.
Até mandei o blog pra ele depois.
Nunca vi o filme, então não sei qual minha posição a respeito... vi só Os sonhadores, que é ótimo e aborda uma questão sexual de um jeito tão doce que o que em certas circunstâncias você acharia nojento acaba vendo como algo delicado... além disso o comportamento dos personagens vão entre o infantil e o sexual, confudindo tudo.
Assim que achar La Luna nas locadoras verei.
:)

Gabi Maciel disse...

Que filme instigante...fiquei com vontade de vê-lo. Parabéns pelo blog!

Kamila Bebber disse...

Eu comecei minhas idas cinamatográficas com Bertolucci com esse filme...
Tem cenas lindas e o tema central é tratado de uma forma bem cotidiana, como tomar café com leite... Bem típico da direção desse italianinho danado.
Agora, a relação em si entre mãe e filho... Não sei, viu.. A primeira vez q assisti o fime, senti q a mãe nutria amor pelo filho sim, mas junto com isso, vinha um desejo carnal dos diabos, algo q não devia ser explicado... Mas existia, simplesmente. E, como Bertulocci dos bons tempos que é, o tema era tratado como algo q simplesmente irrompia... Como um sol da manhã q teimava em suspender no olho do horizonte.

"Incesto" é um dos maiores tabus da "sociedade contemporânea" - ou chamem do que quiser esse tempo estranho q vivemos hoje. O fato de ser considerado tabu complica sua discussão e coloca uma aura de anormalidade em torno do assunto. E olha, isso não é tão incomum, viu...

No momento, não ouso colocar um argumento pra lá de polêmico (mas que dá vontade, dá...), então por aqui me despeço.

E vamos colocar mais filmes que tenham amores clandestinos... A vida tem mais disso do que admitimos... ô se tem...

Unknown disse...

Hum, vou ver esse filme quando puder. Muito interessante!

Outro que acho bom é o Meninos não choram.

Quem sabe não rola um post mais pra frente?

Beijos!

Lívia Alcântara disse...

hum...como está bombando este post! "Cheiro de Deus" de Roberto Drummond (mesmo autor de Hilda Furacão) ... o incesto é normal em uma família, a família dos Drummond no Brasil.

Carlos d'Andréa disse...

Fiquei curioso para ver este filme! Os Sonhadores, que foi citado antes, é mesmo uma grande obra e inclusive merece ser pauta do blog. O texto citado pela Débora está na net? Merece ser linkado.

Gostei do post. No mais, procurem selecionar bons links (este slide sobre amor de mãe está bem fraquinho) e incluir trechos dos filmes, certamente no Youtube tem.

abs, Carlos