Nova Iorque não poderia ser mais sensível, se não pós 11 de setembro. Costumeiramente chamada de “a cidade da liberdade”, a nova Iorque se configura também por vislumbrar sua, sim, possível finitude, principalmente após a queda das torres gêmeas, e conseqüentemente, dos valores da sociedade norte-americana.
Shortbus, novo filme do diretor John Cameron Mitchell (Hedwig and the Angry Inch), tem como plano de fundo a plasticidade novaiorquina, muito bem representada pelo panorama colorido de prédios iluminados produzidos digitalmente na introdução do filme. Maravilhosamente decorada pela música Is you is or is you ain’t my Baby? na voz de Anita O’day.
Cores, sons, luz, e muito sexo, ou melhor, sexualidade. O diretor deixa bem claro o objetivo de seu longa na primeira cena, mostrando, através de recortes, a Estátua da Liberdade: boca, mãos, pés, olhos, cavidades e superfícies fálicas...
Mas o que seria ShortBus? O nome é baseado nos famosos ônibus escolares americanos. Na frase de um personagem, enquanto aquele é o grande ônibus amarelo, o clube underground seria o pequeno. ShortBus é o lugar aonde estão juntos os dotados e os desajeitados, que buscam, tão além de sexo, uma identidade. São pessoas diferentes, com anseios distintos, mas que se apropriam daquele espaço como uma válvula de escape. Heterossexuais, Homossexuais, Bissexuais, estão presentes em Shortbus, representando muito mais do que meros personagens, mas identidades reais de Nova Iorque, que sabem que tudo pode acabar a qualquer instante.
Shortbus, novo filme do diretor John Cameron Mitchell (Hedwig and the Angry Inch), tem como plano de fundo a plasticidade novaiorquina, muito bem representada pelo panorama colorido de prédios iluminados produzidos digitalmente na introdução do filme. Maravilhosamente decorada pela música Is you is or is you ain’t my Baby? na voz de Anita O’day.
Cores, sons, luz, e muito sexo, ou melhor, sexualidade. O diretor deixa bem claro o objetivo de seu longa na primeira cena, mostrando, através de recortes, a Estátua da Liberdade: boca, mãos, pés, olhos, cavidades e superfícies fálicas...
Mas o que seria ShortBus? O nome é baseado nos famosos ônibus escolares americanos. Na frase de um personagem, enquanto aquele é o grande ônibus amarelo, o clube underground seria o pequeno. ShortBus é o lugar aonde estão juntos os dotados e os desajeitados, que buscam, tão além de sexo, uma identidade. São pessoas diferentes, com anseios distintos, mas que se apropriam daquele espaço como uma válvula de escape. Heterossexuais, Homossexuais, Bissexuais, estão presentes em Shortbus, representando muito mais do que meros personagens, mas identidades reais de Nova Iorque, que sabem que tudo pode acabar a qualquer instante.
Ainda na introdução a câmera passeia pelos apartamentos, tão irreais em sua digitalidade, mas não menos bonitos de se ver. Dentro dos cômodos os personagens são apresentados sem cerimônias, no que poderíamos chamar de seus “momentos mais íntimos”. As cenas são de chocar os olhos mais adestrados. A nudez, o sexo, o sado-masoquismo. A sexualidade. Nua e crua, no seu sentido mais carnal. A aceleração do ritmo da música é também a aceleração do ritmo dos corpos, dos suspiros, dos gritos, do esforço. Em uma dinâmica que termina no gozo, porém, um gozo triste, obtido no extremo limiar entre o prazer e a dor. Extraído do choro da personagem James (interpretado por Paul Dawson) - de longe observado por um “vizinho”, do “easy, easy” (devagar, devagar) da personagem Sophia (Sook-yie Lee) e da conversa entre a Dominatrix Severin (Lindsay Beamish) e seu cliente “Você se sente triste depois? – Sim. Porque o tempo não parou e eu não estava sozinha”.
Michell já expõe aí seu jogo, mostra suas cartas para que o espectador decida entrar no jogo ou não. Mas, talvez o diretor tenha realizado um grande blefe... e porquê?
A partir daí o filme irá desenvolver sua trama e envolver ainda mais as personagens. Saberemos que James é homossexual e que namora Jamie (PJ De Boy) há alguns anos, e que os dois não tem um relacionamento tão perfeito quanto aparenta. Sophia, que protagoniza uma cena de sexo invejável é uma terapeuta sexual (que prefere ser chamada de “conselheira de casais”) e nunca teve um orgasmo. E, Severin, nunca conseguiu ter um relacionamento duradouro ou pelo menos importante.
Neste ponto saímos do âmbito aprisionador do sexo e passamos a discutir sexualidade. E John Cameron Michell vira o jogo! Shortbus não é um filme de pornografia e nem quer falar exclusivamente de sexo. Shortbus é uma celebração, um vislumbrar e um naturalizar a sexualidade!
As frustrações, os desejos, a irrealidade de suas próprias vidas leva as personagens ao “bar” chamado Shortbus, cuja figura central é certamente Justin Bond, o/a recepcionista.
Um lugar onde não é preciso fingir (a não ser que queira), dissimular ou evitar. O ambiente propício para realizar desejos, fugir do mundo, encontrar amigos e, o mais importante, encontrar-se. Entre os cômodos é possível ver filmes, ouvir músicas, brincar, usar drogas, conversar e, porque não, transar. Justin Bond explica bem: “É como na década de 60, mas com menos esperança!”.
Michell já expõe aí seu jogo, mostra suas cartas para que o espectador decida entrar no jogo ou não. Mas, talvez o diretor tenha realizado um grande blefe... e porquê?
A partir daí o filme irá desenvolver sua trama e envolver ainda mais as personagens. Saberemos que James é homossexual e que namora Jamie (PJ De Boy) há alguns anos, e que os dois não tem um relacionamento tão perfeito quanto aparenta. Sophia, que protagoniza uma cena de sexo invejável é uma terapeuta sexual (que prefere ser chamada de “conselheira de casais”) e nunca teve um orgasmo. E, Severin, nunca conseguiu ter um relacionamento duradouro ou pelo menos importante.
Neste ponto saímos do âmbito aprisionador do sexo e passamos a discutir sexualidade. E John Cameron Michell vira o jogo! Shortbus não é um filme de pornografia e nem quer falar exclusivamente de sexo. Shortbus é uma celebração, um vislumbrar e um naturalizar a sexualidade!
As frustrações, os desejos, a irrealidade de suas próprias vidas leva as personagens ao “bar” chamado Shortbus, cuja figura central é certamente Justin Bond, o/a recepcionista.
Um lugar onde não é preciso fingir (a não ser que queira), dissimular ou evitar. O ambiente propício para realizar desejos, fugir do mundo, encontrar amigos e, o mais importante, encontrar-se. Entre os cômodos é possível ver filmes, ouvir músicas, brincar, usar drogas, conversar e, porque não, transar. Justin Bond explica bem: “É como na década de 60, mas com menos esperança!”.
Esse cenário é envolto em uma naturalidade nas relações entre as pessoas que parece ser inacreditável existir uma realidade assim. Nesse momento o ator Alan Mandell, que interpreta o ex-prefeito de Nova Iorque, surge com o mais belo diálogo do filme e apresenta o termo (crucial ao filme) “Permeabilidade”.
As tentativas de resolução dos problemas de cada personagem são cada vez mais frustradas e o espectador consegue ir percebendo que todos estão ligados por um problema único: a incapacidade de sentir. James nunca se deixou ser penetrado, Sophia considera o orgasmo uma mentira, Severin procura um relacionamento estável. Todos vão se afundando em seus próprios problemas e encontrando a semelhança de suas dores nos outros. Na fala de Severin “É difícil não sentir nada na vida, não é?”
Shortbus é uma celebração, como já dissemos antes. À vida, à sexualidade, ao amor. É o lugar onde todos vão encontrar não a solução de seus problemas, mas algumas portas ou janelas – algumas conexões e alguns curtos circuitos. Um lugar onde se aprende a ser permeável – deixando entrar o novo e o velho. A charmosa e desejável luz de velas quando todo o resto parece estar escuro.
As tentativas de resolução dos problemas de cada personagem são cada vez mais frustradas e o espectador consegue ir percebendo que todos estão ligados por um problema único: a incapacidade de sentir. James nunca se deixou ser penetrado, Sophia considera o orgasmo uma mentira, Severin procura um relacionamento estável. Todos vão se afundando em seus próprios problemas e encontrando a semelhança de suas dores nos outros. Na fala de Severin “É difícil não sentir nada na vida, não é?”
Shortbus é uma celebração, como já dissemos antes. À vida, à sexualidade, ao amor. É o lugar onde todos vão encontrar não a solução de seus problemas, mas algumas portas ou janelas – algumas conexões e alguns curtos circuitos. Um lugar onde se aprende a ser permeável – deixando entrar o novo e o velho. A charmosa e desejável luz de velas quando todo o resto parece estar escuro.
and as your last breath begins
you find your demon's your best friend
and we all get it in
the end
(Scott Mattew – In the end)
Destaque para: Trilha Sonora
Construção do filme
Outras críticas: 1, 2.
Postado por: Bárbara, Talita e Geanini
10 comentários:
Já ouvi tantos comentários sobre esse filme que cada dia fico mais curioso.
E o mais legal é que não é só o erotismo, como foi destacado: é tudo que envolve isso.
Achei muito legal o blog ;)
Adorei...
O filme pelo jeito é massa!
Fiquei curiosa!
HAHA!
Homossexualidade...
Polemico, não?
Adorei o Blog!
Continue com as postagens...
Está favoritada aqui!
O filme trata de toda forma de expressão da sexualidade...um lugar em que as pessoas não se preocupam em se revelar.
Trata com respeito toda essa questão...não se apegando apenas ao erotismo, que seria uma forma superficial de considerar o filme.
O blog tá muito massa!
Eu realmente adorei o filme. Não me lembro de ter visto um casal tão apaixonado quanto o casal de James! O filme trata da sexualidade em todos os seus âmbitos, e sem banalização...lindo filme!
Lembro que enquanto eu assistia ao filme senti ao mesmo tempo duas coisas a princípio contraditorias: Choque e ao mesmo tempo naturalidade!
E uma das coisas mais massas desse filme é isso: Conseguir tratar de um tema que choca pois a sociedade trata com tanto tabu(sexo e sexualidade), de uma forma tão natural!
Muito bom o post!!Estão de parabéns meninas!!
Como vcs disseram:"São pessoas diferentes, com anseios distintos, mas que se apropriam daquele espaço como uma válvula de escape(...)Um lugar onde se aprende a ser permeável – deixando entrar o novo e o velho". ShotBus é isso, poder se entregar...E por isso é tão convidativo!=)
bela descrição do filme.
olha!
se nada der certo tá aí uma chance de seguir carreira.
valeu meninas!
post caprichado, gostei! Mais um filme pra lista de próximos. lembrei de outro que vale aparecer aqui: 9 Songs.
Post muito bom, se pretendem seguir carreira tem futuro, uma descrição perfeita do filme.
Prova viva de que a propaganda é a alma do negócio...
Quem lê uma descrição tão bem feita chega a pensar seriamente em assistir ao filme!
Pobre coitado....
O filme não passa de uma tentativa pálida de apresentar velhos tabus e conflitos que permeiam o assunto "sexo".
Talvez uma tentativa meio que patética de atrair através do choque!!!
Ou talvez eu seja só mais um puritano com pudor exarcebado....
De qualquer forma, não indicaria para minha filha (ha ha ha )
Estava ouvindo Is You Is or Is You Ain't My Baby e resolvi, de leve, entrar no blog.
Piribacana o post sobre o Shortbus... Fez com que eu me recordasse do filme e de toda a idéia de beleza e celebração que ele me passou na primeira vez que assisti...
Enfim, nada como um pouco de permeabilidade... Se vier acompanhada de gim, soda, sexo e boa música, melhor ainda!
Good dispatch and this mail helped me alot in my college assignement. Say thank you you for your information.
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